terça-feira, 25 de maio de 2010

SEGUNDA OFICINA DA OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA

      Objetivo: Analisar o artigo de opinião sugerido pelo manual da Olimpíada.

Internet e eleições

Joaquim Falcão
Especial para a Folha de S. Paulo

      Nas últimas eleições, a Justiça não permitiu internet na campanha eleitoral. Agora, o Senado permitiu. A Câmara dará a palavra final até o dia 3 de outubro. As eleições nunca mais serão as mesmas. Por múltiplas razões. Primeiro, o eleitor estará mais mobilizado e proativo.
      Jornais, revistas, rádio e televisão estabelecem comunicações de mão única. Deles para os eleitores. A internet é comunicação de mão dupla. Ou tripla. Dos eleitores com os candidatos, com os meios de comunicações e sobretudo entre si. Aliás, todos entre si. E, como o projeto não estabeleceu qualquer restrição às redes sociais — Orkut, Facebook, MySpace, UolK, Twitter —, nessas redes a campanha já começou. Não é preciso o cidadão esperar convenções de partidos ou escolha de candidatos.
      Uma consequência do cidadão mais proativo (sic) é que deverão aumentar as denúncias infundadas contra candidatos e partidos, bem como as defesas apaixonadas. Aumentarão as mentiras e os desmentidos. Todos ficarão mais expostos. Como a difusão é imediata, podem chegar a milhares e milhões de eleitores, o dano ou benefício é também imediato.
      Para os casos de injúria, calúnia e difamação haverá sempre o recurso da ida à Justiça. Que será sempre insuficiente. Porque é sempre a posterior. Quem terá que distinguir a mentira da verdade eletrônica será o próprio eleitor. A disputa ocorrerá na própria internet.
      De blogs contra blogs. De site contra site. De rede contra rede. A internet é uma arena. Um longo aprendizado da cidadania responsável está apenas começando. É verdade que rádio e televisão atingem mais brasileiros do que a internet. E que ainda é pequeno o uso da internet em casa. Mas o crescimento da internet é o maior de todas as mídias. A tendência é crescente e inevitável. Em julho, o número de usuários cresceu cerca de 10% em relação a junho. De 33 milhões para mais de 36 milhões.
      Sem contar as lan houses. A liberação da internet terá consequência de mão dupla: aumentará a participação dos cidadãos nas eleições e ao mesmo tempo estimulará mais usuários no dia a dia da internet. Segundo, é que o voto do eleitor jovem vai crescer em importância. Eles são quem mais usa internet. Representam mais do que 20% dos eleitores.
       A internet deve estimular a inclusão do jovem na política. Seus valores e interesses referentes, por exemplo, a sexo, família, ecologia e cultura são diferentes. Os jovens são mais atingidos na oferta e redução de emprego. Partidos e candidatos terão que ter propostas específicas para eles.
Terceiro, o uso da internet como infraestrutura para o financiamento popular do candidato e do partido também deve crescer. Não instantaneamente, é claro. Mas a internet agiliza a doação individual eletrônica através de transações bancárias, contas de telefone e cartões de créditos. São doações mais fáceis, rápidas, legais e de maior controle pela Justiça.
      Esse foi o diferencial decisivo na campanha de Obama. Sua campanha custou US$ 744,9 milhões, dos quais US$ 500 milhões arrecadados via internet.
      A contribuição média foi de US$ 77 por cidadão. Ou seja, R$ 145. O peso relativo das doações de campanha das empresas deve cair. Com microdoações pulverizadas, os candidatos estarão menos dependentes de um grupo, ou daquela empreiteira.
      Sem falar que será difícil a Justiça controlar a interferência ilegal de sites localizados em outros países. A internet é global. O risco, pequeno talvez, é de exportar a campanha eleitoral, para sites globais onde a lei brasileira não chega.
      Até agora o Senado manteve a liberdade mais ampla, a não ser para sites empresariais, onde, em nome da imparcialidade, limitou a propaganda em sites de pessoas jurídicas, que não sejam provedores de internet e de informações ou sites de pesquisa, e em sites de órgãos governamentais. E regulou também o acesso aos debates.
      O desafio maior da lei ao regular os meios de comunicação na campanha eleitoral é justamente este: por um lado, manter a experiência brasileira de sucesso de controlar a participação excessiva do poder econômico e do poder dos governos nas campanhas. De outro, assegurar voto livre e liberdade de expressão a todos.

Folha de S. Paulo, Brasil, 17/9/2009.
Disponível em .
Joaquim Falcão é professor de direito.
 
1) Em que veículo o texto foi publicado?
2) É bastante conhecido do público?
3) Que tipo de autor o escreveu?
4) Além do nome, há mais informações sobre ele?
5) Qual é o assunto principal abordado pelo texto?
6) É atual ou ultrapassado em relação a data de publicação?
7) Parece relacionado a alguma notícia do mesmo período?
8) Para que tipo de leitor o artigo se dirige?
9) Que importância essas informações podem ter para esse leitor?
10) Com que finalidade esse assunto é abordado?
11) Considerando que se trata de textos argumentativos, que idéia ou tese o autor parece defender? Com que argumentos?

2 comentários:

  1. bom eu gostei do texto, mas minha prof falou que esse texto é mal pontuado ñ entendi beijinhos

    ResponderExcluir
  2. Olá. Este texto foi retirado do material da Olimpíada de Lingua Portuguesa e por isso postei da maneira que estava lá. Ele foi retirado do jornal Folha de São Paulo. Abç

    ResponderExcluir

LINKS QUE PODEM AJUDAR NA REDAÇÃO DO ENEM

Busquei reunir aqui alguns links com sugestões de temas para redação do ENEM 2018 e algumas dicas de como deve ser a estrutura deste texto. ...